Maranhão - Liberdade a Quem Se Manifesta.
“Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas, jamais será um povo livre”. (Plínio Marcos)
Rufem os tambores de Crioula! Soem os atabaques da Casa das Minas!
Se a cultura é a essência, o espírito, a luz que marca a identidade de um povo, sua gama de manifestações nunca deve se perder ou ser esquecida. Assim são as expressões de vida emanadas das terras maranhenses: exaltando o folclore, as manifestações típicas daquela terra, o espírito do povo que se irradia como patrimônio imorredouro e necessário para manutenção da identidade e da própria existência de uma nação, que a ele se reporta para poder continuar.
Vistam-se de branco, vermelho e preto, como a poesia de seu estandarte, eternizada na história.
A caravana da cultura da SRESV. Império do Progresso chega, embalada pelo som de tambores e atabaques, para circular expressões de cultura popular, brincadeiras, danças, canto, fé e louvação, numa mistura infinita e poética chamada Maranhão.
Desta forma, senhoras e senhores, vamos acompanhar os sons, danças, a fé e a luz que são demonstradas pelos tambores da Casa das Minas (Querebentan de Zomadonu), reino de Agotime e da Casa Nagô. É o povo de Dan, resistência viva dos herdeiros da ancestralidade africana no Maranhão. É a Serpente de Oxumaré invocando a força da África e fazendo resplandecer a sua força pela Avenida de desfiles. Apreciem, entreguem-se, permitam-se sentir toda a intensidade da ancestralidade africana do Tambor de Crioula e o ecoar de suas significações, símbolo de resistência.
Do povo emerge a fonte inesgotável para as representações artísticas, reunindo música e dança. O fascínio do boi é inegável. Seus personagens, ricamente vestidos, com fitas, chapéus coloridos, aventais brancos, penas e suas toadas permeiam o cancioneiro popular e é a maior manifestação dos festejos juninos maranhenses. Suas múltiplas variações: Zabumba, Orquestra e Matraca, vindos das diversas regiões do estado, culminando num grande encontro de bois, ápice da comemoração de São João. A dramatização do bumba-meu-boi encanta e, como no fim, após várias passagens e cantos, o boi renasce. Renasce como a verdadeira intenção de nossa caravana na valorização da cultura de raiz.
Os folguedos juninos não se resumem ao boi; é um imenso arraial. Sob o lume de fogueiras, há barracas de comes e bebes, bandeirinhas coloridas, quadrilhas, mascarados, fofões (mascarados, cuja representação remete a animais e figuras das lendas nativas maranhenses). Manifestações que, juntamente com os bois, “se encantam, vira saudade, lágrimas rolam, nasce a esperança; no ano seguinte, em prazo certo, com novos brilhos e a mesma ginga, volta ao terreiro, encanta e dança, que seu destino assim se cumpre, por mandamento de São João”.
Assim, há também louvação e devoção. São festas que celebram a fé, graças alcançadas, milagres realizados, mantendo viva a esperança de seu povo. A vocação do povo do Maranhão para festa é latente. Desta forma, superam-se as barreiras entre o sagrado e o profano, para fé e diversão entrelaçarem-se em uma chama viva e incessante de adoração. Tem procissão, festa de largo, Louvor a São Benedito, festa do Divino, dança de São Gonçalo, Cacuriá. Os caretas, saindo à noite, para procurar por Judas. Tudo presente nesta grande festa popular.
Senhoras e senhoras, como dito, não há mais barreiras entre a fé e a diversão. Diversão maior não há que a explosão da vida, o carnaval. O povo maranhense brinca o carnaval; as escolas de samba ganham o nome de turmas de samba; as crianças formam as tribos de índios. Tem as Casinhas da Roça, uma espécie de carro alegórico, simbolizando um casebre rural, cujos destaques são os tipos maranhenses, embalados pelo tambor de crioula. Não se esqueçam dos antigos bailes de máscara – ah que saudade! Que bom que estão sendo revitalizados. Todavia, o melhor é o carnaval da rua, com carimbó, capoeira (que dizem, surgiram no Maranhão), Pato Pelado (blocos com fantasias diversas), pra folia ficar cada vez mais “Mara”! (Já que os jovens maranhenses referem-se carinhosamente ao estado como tal).
Agora, façamos um círculo pra escutar as encantarias. O que não falta no Maranhão são estórias e lendas. Como um grande teatro de fantoches, vamos ouvir sobre a Velha Manguda, a Mulher de Guaxenduba, “Nhá Jança”, Olho D’água, Palácio das Lágrimas, Reis e Touros Negros. É muita encantaria que serve de inspiração pra criançada se fantasiar e mascarar pra brincar o carnaval.
Uma nação tão cultural absorve outras manifestações. Da proximidade com as ilhas caribenhas veio o reggae. O ritmo misturou-se tanto com a cultura local, que ganhou feições próprias, o chamado reggae-root, estilo que se difere da matriz jamaicana. Sua execução, através da radiola – uma central radiofônica, que anima os bailes populares. Ainda nessa musicalidade, destacam-se os festivais de Música, corais e poesia, alem de toda consagração da música maranhense, do Curió, feiras e apresentações em terreiros e na vida da rua.
É toda essa “maranhensidade” cultural, que torna o estado uma ferveção de vida e expressões de um povo singular, que a nossa Caravana vem resgatar e reviver essa chama de vida, que nunca há de se apagar! Recordando toda Nobreza que o estado abrigou em sua história, as lições de vida, a africanidade misturada com os costumes indígenas, formando a essência da vida Maranhense, que com muito carinho foram transmitidas a quem ama o samba e o boi, para perpetuar toda a liberdade a quem se manifesta!