Pra manter o barracão sempre atualizado, nossa equipe de produção não deixou a peteca cair e traz para vocês mais uma novidade.
Dessa vez a novidade é a sinopse do carnaval de 2008. De autoria de Vitor Saraiva, o enredo que a Império do Progresso orgulhosamente para a Passarela João Jorge Trinta em 2008 é:
IMPÉRIO DO PROGRESSO
Beagle em Águas Brasileiras
Autor do Enredo: Vítor Saraiva
O sopro do oceano agita as velas do navio, empurrando-o rumo ao seu destino. Na proa, um jovem contempla a imensidão azul que se estende a sua volta. Todo um mundo a ser explorado, universo de mistérios a serem desvendados.
Estamos no início do século XIX. A Inglaterra, naquele período, era a única nação com poderio naval para explorar os mares. E havia rotas comerciais que muito a interessavam, como os mercados de países latinos, a pouco tornados independentes de suas colônias. Mas faltavam aos britânicos documentos técnicos, mapas e cartas náuticas que permitissem a navegação. A fim de resolver este problema, foi organizada uma grande expedição. A bordo de uma sofisticada embarcação, renomados estudiosos visitariam diversos continentes, mapeando as suas costas. Qual não foi a alegria de Charles Darwin quando recebeu o convite para embarcar na empreitada. Logo ele, um jovem naturalista de apenas 22 anos, apaixonado pelas ciências naturais, e cujo maior desejo era, justamente, desbravar o mundo.
Eis, portanto, que no dia 27 de dezembro de 1831, o HMS Beagle partiu da Inglaterra. Levava entre seus tripulantes um Darwin radiante. Era a realização do sonho de toda a sua vida.
De início, o Beagle passou pelas ilhas Canárias e por Cabo Verde. Agora Darwin, debruçado na frente do navio, com o vento a sacudir-lhe os cabelos, olhava com atenção para a linha do horizonte, onde se erguiam montes verdes e belos. A expedição chegava ao Brasil.
Que radiante visão da natureza brasileira! A elegância da mata, a beleza das flores, o verde brilhante e úmido das folhagens. O ruído dos insetos e o silêncio misterioso da floresta, sinfonia que inebriava os olhos e a alma do naturalista inglês.
O Beagle contornou o litoral brasileiro, ancorando na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Em terra, Darwin estudou as diversas espécies de plantas, coletou insetos para sua coleção, fez apontamentos e observações sobre a fauna e a flora do país.
Porém, a visão paradisíaca da floresta tropical não foi a única imagem a chamar atenção do estudioso. O quadro real da escravidão, dos negros vendidos e negociados como mercadorias, causou-lhe profundo horror. A maneira como o branco violentava-os chocava Darwin, que não concordava com a idéia da raça justificar o maltrato e a violência entre os homens.
Para Darwin, se o brasileiro empenhasse seu esforço no zelo e na preservação da extraordinária natureza que lhe fora concedida, que genial país não haveria de nascer? Mas frente às injustiças e maldades dos ricos senhores de posse, como esperar que algo de bom acontecesse? Somente o negro, quando liberto do fardo da escravidão, Darwin acreditava, seria capaz de tomar as rédeas deste paraíso de belezas naturais, fazendo despertar o gigante Brasil.
Darwin e a expedição permaneceram por quatro meses em águas brasileiras. Findo este período, o Beagle levantou suas âncoras e ganhou novamente o oceano, prosseguindo viagem, um cortejo de golfinhos em seu encalço, numa despedida triunfal. Darwin, ao longo de sua volta ao mundo, veria outros tantos lugares extraordinários. Mas nenhum conseguiria apagar as belezas que o Brasil gravara nas retinas do naturalista.
Partindo das descobertas que fizera em sua aventura, Darwin elabora sua famosa teoria evolucionista. Derrubando o criacionismo católico, para o qual os seres surgiam do sopro divino do criador, Darwin explica e comprova que as espécies, na verdade, foram adaptando-se as suas necessidades ao longo do tempo, e somente as que o fizeram da maneira correta conseguiram sobreviver. Com essa idéia, que representa um enorme abalo no conhecimento das ciências naturais, Charles Darwin grava para sempre seu nome na história.
Somente aquele que consegue buscar soluções no meio em que vive, adaptando-se, consegue mudar o seu destino e vislumbrar um futuro melhor. Isto é evoluir. Sem a capacidade de nos refazer, de trocar o que está errado, estamos fadados ao desaparecimento. É desta maneira que se constrói uma grande nação. Eis, pois, a mensagem de Darwin ao Brasil.
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